O médico patologista é um profissional treinado a correlacionar achados morfológicos e moleculares com diagnósticos clinicamente relevantes. A seguir, serão descritos alguns casos aonde o emprego de uma análise morfológica criteriosa em correlação com a apresentação clínica e a outros métodos complementares (imunohistoquímica – IHQ ou moleculares) foi fundamental para a correta caracterização das lesões.
CASO# 21011224AP
INFORMAÇÕES CLÍNICAS: Paciente do sexo masculino, 75 anos, sem antecedentes oncológicos, apresentou tosse persistente e nos exames de imagem foi observada uma massa de 5,5cm em seu pulmão esquerdo. Foi submetido a broncoscopia que não encontrou lesões na árvore brônquica. Colhido lavado brônquico.
ACHADOS MORFOLÓGICOS DO LAVADO BRÔNQUICO: Foram feitos dois citocentrifugados do lavado brônquico corados pela H.E. e coloração de Papanicolaou. Os esfregaços demonstraram um amostra bem representativa da árvore bronquica (com numerosas células prismáticas ciliadas e macrófagos alveolares). Em meio aos elementos normais da árvore brônquica, foram observadas células grandes com citoplasma poliédrico bem definido com presença de cariogemalia, hipercromasia nuclear e nucléolos evidentes.
O diagnóstico citopatológico foi de POSITIVO PARA MALIGNIDADE, COMPATÍVEL COM CARCINOMA. O paciente foi novamente submetido a broncoscopia que evidenciou irregularidades no epitélio bronquico, tendo sido realizado um biópsia transbrônquica.
ACHADOS MORFOLÓGICOS DA BIÓPSIA TRANSBRÔNQUICA: Os fragmentos da biópsia revelaram um tecido com intensa desmoplasia que contia de permeio a presença de ninhos invasivos com padrão sólido de células epiteliais atípicas com citoplasma finamente rendilhado. A quantiade de neoplasia representada nesta amostra foi bem pequena, tendo sido medida em 1,0mm de extensão com celularidade neoplásica de 40%.
DIAGNÓSTICO DA BIÓPSIA TRANSBRÔNQUICA: Carcinoma de células não pequenas, sem outras especificações.
IHQ: Foi feito um painel restrito com apenas 3 anticorpos.
POSITIVO: TTF-1 (Fig D), Napsin-A
NEGATIVO: p40
DISCUSSÃO: O presente caso ilustra bem o manejo de amostras de pacientes portadores de câncer de pulmão. Como regra geral, esses tumores já se apresentam em estadiamento avançado e as amostras estudadas do tumor são frequentemente restritas a amostras citológicas ou biópsias intralesionais (por agulha ou broncoscópicas). Dessa maneira, o patologista como guardião do material deverá diligentemente atuar para preservar a maior quantidade possível de material de qualidade. O primeiro passo é pré-analítico, e envolve o o uso de formol tamponado (para mais informações clique aqui). A seguir, o patologista deverá consumir o menor quantidade possível de tumor no bloco histológico, preservando material para estudos moleculares. No caso em discussão foi feita apenas uma lâmina para estudo morfológico e para imunohistoquímica usou-se apenas 3 marcadores. A positividade para TTF-1 e Napsin-A, diante da negatividade para p40 é evidência diferenciação glandular pneumocítica, que em correlação com histórico clínico de ausência de tumores em outras regiões, favorece a hipótese de adenocarcinoma não mucinoso primário do pulmão.
CASO#
INFORMAÇÕES CLÍNICAS: Paciente do sexo masculino, @@anos com presença de múltiplas lesões ósseas osteolíticas, com suspeita clínica para mieloma múltiplo. Realizada biópsia por agulha de osso em @
ACHADOS MORFOLÓGICOS: Amostra enviada para exame consistia em @ fragemntos de tecido ósseo que foram descalcificados em EDTA (para informações sobre descalcificação clique em https://laminalab.com.br/descalcificacao-vs-preservacao-como-resolver-esse-dilema/ ). Os cortes histológicos
DIAGNÓSTICO MORFOLÓGICO: Adenocarcinoma metastático para tecido ósse, com padrões cribriforme e sólido
IHQ: P
DISCUSSÃO: P
CASO# 18030593AP
INFORMAÇÕES CLÍNICAS: Paciente de 68 anos, sexo masculino com tumor intra-abdominal que infiltra fígado. Foi realizada laparoscopia, com ressecção de fragmento hepático juntamente com tumor aderido a peritoneo parietal.
ACHADOS MORFOLÓGICOS: A peça enviada revela nódulo brancacento e firme no parênquima hepático que se estende à superfície. Os corte histológicos revelam uma proliferação de células epitelióides invasivas, grandes com padrão polimórfico incluindo áreas papilares, sólidas e acinares. As células tendem a apresentar discoesão, citoplasma eosinofílico com núcleo grande, central, cromatina sacular e nucléolo proeminente.
IHQ:
POSITIVO: panCK, CK7, CK5, Calretinina, WT-1, HMBE-1, D2-40
NEGATIVO: BER-EP4, MOC31, CEA, CDX-2, TTF-1, PSA, HSA, VILINA, CK20
DIAGNÓSTICO FINAL: MESOTELIOMA EPITELIÓIDE.
DISCUSSÃO: O mesotelioma é uma neoplasia que se origina de ou se diferencia para células mesoteliais que recobrem as cavidades serosas como pleura, peritoneo e pericádio. Pode se apresentar de 3 formas: epitelióide, sarcomatóide e bifásico. A forma epitelióide possui importante diagnóstico diferencial com adenocarciomas metastáticos pois ambas entidades possuem células infiltrativas com diferenciação glândular. Algumas características morfológicas (células poliédricas, citoplasma eosinofílico, núcleos saculares com nucléolo proeminente) podem sugerir o diagnóstico de mesotelioma, mas o emprego da IHQ é essencial para confirmar o diagnóstico.
Para ajudar nesse diferencial (adenocarcinoma vs. mesotelioma) é empregado um painel que contenha antígenos expressos em preferencialmente em adenocarcinomas (BER-EP4, MOC31,CEA) bem como mesoteliomas (HMBE-1, CALRETININA, WT1, CK5, D2-40). No caso em discussão, a neoplasia expressou exclusivamente antígenos indicativos de diferenciação mesotelial, sendo negativos para antígenos indicativos de diferenciação para adenocarcinoma.
CASO# 18030593AP
INFORMAÇÕES CLÍNICAS: P
ACHADOS MORFOLÓGICOS: P
DIAGNÓSTICO MORFOLÓGICO: P
IHQ: P
DISCUSSÃO: P